O ciclo vicioso da Dor Crônica

Quando uma dor inicia, causa uma reação orgânica desagradável e o nível de stress aumenta. Se uma pessoa fica sujeita durante meses ou anos à dor permanente, então a forma de sentir a dor no corpo e a reação emocional que a mesma provoca será diferente. Geralmente, as pessoas com dor crônica começam a se dar conta que vivem num ciclo vicioso de muito sofrimento mesmo. Quando a pessoa se dá conta, já está vivenciando esse ciclo que mais parece uma cadeia.

Funciona como na imagem:

Ou seja, ter dor continuada é uma fonte muito grande de cansaço, as pessoas com fibromialgia, por exemplo, sentem um cansaço extremo. Como mostra a imagem, a dor drena a energia vital. Essa falta de energia leva a pessoa a exercitar-se pouco, além de que, estar com dor leva o indivíduo a sentir um desânimo para as atividades do cotidiano e aquelas inclusive que lhe davam muito prazer, antes deste problema surgir. Essa falta de exercício e essa frustração por não conseguir fazer um grande número de coisas, leva a um aumento da dor e a preocupações a todos os níveis: "quando vou voltar a fazer o que fazia", "quando vou conseguir ter um emprego", "mais uma vez não consegui jantar fora", "ando mais triste", "não consigo aguentar mais esta situação", "na minha vida não há nada de lúdico"..enfim...são imensos e intensos os pensamentos que podem surgir. 

E tudo isso, esta avalanche de sensações e sentimentos vai afetar o sono. Esta parte é fundamental. Se a pessoa que tem este problema, começa a ter dificuldades para dormir, tanto  pela presença da dor quanto pelo próprio ciclo-vicioso que a dor causa, então aí, o estado do paciente pode piorar. A falta de sono em uma pessoa que não sofre deste problema já afeta muito a vida. Com este problema, não dá para imaginar, como o  organismo é afetado no seu todo. Pois a falta de energia é exacerbada, e isso aumenta mais uma vez a dor.

Este ciclo vicioso entre o desenvolvimento  da dor e o estado emocional, aumenta a tensão experienciada. Os pacientes com dor crônica começam a sentir-se impotentes frente a esta situação. As respostas emocionais também ficam incontroláveis e apresentam-se como: agitação, ansiedade, tensão muscular, irritabilidade e frustração.

Dos estudos com ratinhos no laboratório de psicologia da Universidade, retiro que, sentir dor continuada, é como estar vulnerável dentro da caixinha onde estavam os ratinhos: levando choques constantemente. Após esta intensa punição, nenhum ratinho deverá manter o mesmo comportamento. O que quero dizer, é que esta doença é torturante. E tortura o corpo tanto quanto a mente.

Exemplifico aqui com outra imagem, pensamentos que apresentam pacientes com dores crônicas:

Surgem preocupações com emprego e finanças, com relações: familiares, amigos e cônjuge, preocupações a nível sexual, preocupações com medicações e médicos, e a este nível até mesmo raiva de médicos e tratamentos que não diminuam o sofrimento, preocupações com lazer e com a saúde no geral..

A tristeza e a angústia fazem parte de estar frente a frente com  uma doença que muitos dizem ser incurável. 

Se você se identificou com esta situação, você precisa de ajuda para Ontem..Se você conhece alguém que esteja vivendo desta forma, então essa pessoa precisa muito da sua ajuda.

Há dias em que eu sinto um cansaço tão profundo que parece que não vou sobreviver ao próprio dia. Um ou dois dias sem dormir são o suficiente para o paciente decair muito. Nos primeiros 3 anos que eu adoeci, vivi dormindo de uma a quatro horas por noite. Até conseguir acertar uma medicação com a qual eu dormisse mesmo estando com muita dor. Como essa parte eu consegui resolver, aconselho procurar ajuda para melhorar o sono como um dos primeiros passos, pois é preciso ter energia para aguentar a dor, e os tratamentos que ela requer, até chegar a um alivio importante deste problema.
Fechando só esta parte, que identifica a doença, só quero completar dizendo o que tenho sentido tanto: que a maior dor da dor crônica é a dor de não estar vivendo.